Oppenheimer: Cena inusitada contou com ajuda do criador de Game of Thrones
R.R Martin foi fundamental para que cena em Oppenheimer se tornasse realidade
O estado do Novo México, nos Estados Unidos, jamais despontou como um polo da indústria do entretenimento. Ainda que recentemente tenha sido palco para Oppenheimer, cinebiografia aclamada assinada por Christopher Nolan.
Embora tenha sido o berço de Breaking Bad, os magnatas do setor dificilmente o consideram como seu lar, como Hollywood. Essa observação não é um julgamento do estado ou de seu povo, mas uma constatação de que ele não compartilha o mesmo glamour de Nova York ou Los Angeles.
No entanto, por um capricho do destino, o Novo México se tornou o epicentro de uma das maiores produções cinematográficas do ano: Oppenheimer, dirigido por Christopher Nolan.
Os bastidores de Oppenheimer
Embora o programa para desenvolver a bomba atômica tenha sido denominado Projeto Manhattan, sua execução ocorreu em Los Alamos, Novo México. A vasta extensão desértica deste local o tornava ideal para testar uma bomba de forma isolada.
Christopher Nolan, conhecido por sua abordagem prática ao cinema, decidiu filmar no Novo México. No entanto, escolher qualquer local de filmagem apresenta inúmeros desafios logísticos que a equipe de produção precisa superar.
No contexto de Oppenheimer, um desafio notável foi encontrar um trem no Novo México que pudesse ser usado como cenário e adaptado à década de 1940. Nolan não optou pela construção de vagões de trem em um estúdio de Hollywood com tela verde nas janelas.
Afinal, não importa quão bem isso pudesse ser recriado digitalmente; o público sempre perceberia que Cillian Murphy, que interpreta Oppenheimer, não estava de fato cruzando o oeste americano.
George R.R. Martin e o ‘Trem de Gelo e Fogo’
A sorte sorriu para a equipe de Oppenheimer graças a um morador ilustre do Novo México: George R.R. Martin, o aclamado autor da série Game of Thrones. Martin reside em Santa Fé, Novo México, desde 1979 e tornou-se uma figura proeminente na comunidade.
Sua afeição pela região o levou a co-fundar a Sky Railway, uma ferrovia que conecta Santa Fé a Lamy, Novo México, oferecendo diversos tipos de passeios ferroviários.
As pinturas impressionantes de dragões e lobos adornam os vagões da Sky Railway do lado de fora, em referência à obra mais famosa de Martin. No entanto, essas representações artísticas entravam em conflito com o cenário da década de 1940 de Oppenheimer.
Uma solução engenhosa foi a de redesenhar o interior dos vagões para refletir a época desejada. Dessa forma, a equipe de produção pôde usar os “vagões de dragão” de Martin para filmar a viagem de 40 minutos de Santa Fé a Lamy, sem comprometer a autenticidade visual.
Além dos vagões da Sky Railway, a equipe de Oppenheimer também conseguiu localizar dois vagões Pullman vintage em Santa Fé. Esses vagões eram ideais para cenas como a sala de jantar e o salão, já que, ao contrário dos vagões de Martin, não apresentavam pinturas de dragões, tornando-os adequados para cenas externas. Ter duas opções de vagões permitiu à equipe de produção distinguir entre diferentes rotas de trem no filme, sem a necessidade de deslocamento físico.
Família de Christopher Nolan fez pequena participação em Oppenheimer
Nathan Kelly, o gerente de produção da unidade, cuja dedicação frequentemente passa despercebida, tornou possível a realização desse cenário ferroviário único. A visão de um diretor só se torna realidade graças ao esforço incansável das equipes de produção, certo?
Um fato curioso é que dois dos filhos de Christopher Nolan, Oliver e Magnus, podem ser avistados como passageiros no trem em cenas do filme. Essa participação familiar adiciona um toque pessoal à produção que faturou quase US$ 1 bilhão (R$ 5,3 bilhões) nas bilheterias este ano. Além disso, tornou-se a maior obra biográfica da história.